Uma ação pontual de retirada de lixo de um igarapé por parte de um candidato em campanha para Prefeitura de Manaus e seus seguidores, acabou gerando uma polêmica generalizada com a Prefeitura, em particular com o Prefeito, seu adversário na disputa, e o Secretário Municipal encarregado dessa questão.
O candidato e seus seguidores voluntários retiraram o lixo de um igarapé, juntaram num caminhão e foram levar para o aterro sanitário. Chegando lá foram barrados na entrada. Com certeza absoluta, tanto o candidato, quanto sua assessoria, sabiam que isso era quase certo de acontecer. Não tem bobo nessa história. Não estava prevista aquela entrada de caminhão de lixo e, obviamente, existem regras para esse procedimento. Daí, impedido de entrar para descarregar o lixo, o candidato decidiu colocá-lo na entrada do aterro.
Era tudo o que precisava para aquela ação ganhar palco e as luzes da mídia e das redes sociais. É tudo um jogo político manjado que ganha cenas inusitadas em anos eleitorais. No meu entendimento, tudo aconteceu como estava planejado para acontecer: criar a oportunidade de um palco para dar mais visibilidade ao candidato, explorando um problema crônico da cidade, que é o lixo nas ruas e nos igarapés, e que afeta diretamente a gestão do atual prefeito e adversário.
Independente disso, é louvável a ação do candidato e de seus voluntários na retirada do lixo. Tem feito isso em outros temas como da arborização da cidade. Entretanto, destaque-se que existem outros grupos de dedicados voluntários fazendo o mesmo e sem alarde político. Para quem está olhando de fora, fica a impressão de que o candidato está querendo mostrar que a questão ambiental terá ações prioritárias e irretratáveis no seu plano de governo, caso venha a ser eleito. Daí a pergunta natural: – dá para acreditar? O candidato vai cumprir desta vez todo o mandato na íntegra? Essa questão ambiental é antiga e sempre objeto de promessas mirabolantes de todos os candidatos. Em resumo, não é de hoje que somos iludidos, ou melhor, enganados com essas promessas.
Quando o assunto é LIXO, aquele lixo material que toma conta da nossa cidade e dos igarapés, a merda é que existe um outro tipo de lixo tão nocivo quanto, que é o LIXO POLÍTICO. O triste de tudo isso é que somos culpados pelos dois existirem. O LIXO MATERIAL – pela falta de política pública séria, a falta de educação de parcela da população, a tolerância de parte das autoridades e a confiança na impunidade de quem atira lixo nas ruas e igarapés. E o LIXO POLÍTICO – aquele gerado pela teimosia e pelas péssimas escolhas de nossos políticos e governantes, eleitos com o dever de trabalhar a solução para esses problemas que sequer conseguem amenizá-los.
Fique claro que não estamos generalizando, obviamente, mas, esse é o preço a pagar enquanto não tomarmos consciência de que é preciso levarmos mais a sério o nosso exercício de cidadania e escolhermos melhor nossos representantes.
Outubro vem aí. É mais uma chance de darmos uma resposta nas urnas.