A ideia de aproveitar as redes sociais como uma opção para exercer cidadania tem ônus e bônus. Por conta disso já recebi algumas criticas aos meus comentários e fui várias vezes questionado por algumas pessoas, inclusive amigos, perguntando-me se vale a pena essa postura crítica que me coloca diante de possíveis represálias.
Certa oportunidade eu recebi a seguinte critica pontual aos meus comentários:
– Você só faz críticas aos posts com as ações da Prefeitura e dos vereadores.
Não faço criticas apenas à prefeitura e aos vereadores. Mas, nesse caso, primeiramente é bom lembrar que em Manaus somos mais de 1,8 milhões de habitantes, com uma cidade reconhecidamente carente e dependente de boas ações concretas das autoridades e políticos. Daí eu pergunto:
– Quem está totalmente satisfeito com a postura e o desempenho do prefeito e dos vereadores de Manaus? Quantos pessoas fazem o que eu e muitas outras fazem por meio das redes sociais, pensando no coletivo e em particular naqueles que mais dependem dos serviços públicos? Quantos cidadãos exercem a sua cidadania sem medo de dizer o que pensa? Quem curte ou critica os posts que incomodam políticos e governantes sem medo de sofrer represálias?
Na nossa sociedade, lamentavelmente, políticos e governantes só se movem, quando se movem, sob a pressão da sociedade. Entendo que as redes sociais nos trouxeram a possibilidade de exercermos a nossa cidadania com afinco e assim potencializarmos a pressão para cima de autoridades e politicos acostumados a iludir o povo e empurrar tudo com a barriga.
Acreditem! Essa pressão por meio das redes sociais incomoda muito aqueles políticos e governantes acostumados a fazerem o que querem, principalmente aqueles avessos aos comentários que não os agradam. Querem aplausos e até respondem quando os comentários ou emojis lhes são favoráveis. Se os comentários são desfavoráveis, não respondem e só não deletam para não ficar feio nem explícito de que dão preferência aos aplausos.
Assim, vou continuar critico das ações de políticos e governantes, apoiando quando justas e criticando quando julgar oportuno fazê-lo, sem querer, obviamente, ser o dono da verdade, apenas aproveitar a minha cidadania, ou seja, a minha liberdade de opinião feita com urbanismo e responsabilidade. Acredito, também, que quando faço meus comentários posso estar representando dezenas, centenas, milhares de outras pessoas que gostariam de dizer a mesma coisa, mas não o fazem por uma séria de motivos: dificuldades de acesso à internet; dificuldades de linguagem/expressão; medo de represálias, inclusive. Já ouvi de muitas pessoas: – leio, gosto e concordo com muitos comentários seus, mas, a minha situação recomenda não curti-los.
Muitas das situações que eu critico com rigor não me afetam diretamente, por exemplo: não ando de transporte coletivo, eternamente precário e agora violento; não dependo das UBS para um atendimento de emergência, nem preciso madrugar numa fila para receber um ficha de atendimento; não preciso ir para fila e correr o risco de voltar sem o “leite do meu filho”; não corro o risco de morrer numa fila esperando um procedimento básico de cirurgia. E tantas outras coisas que são a realidade de vida de milhares de pessoas que muitos não enxergam ou não querem enxergar. Vou seguir fazendo a minha parte.