A saúde de qualquer democracia depende da sua capacidade de renovação e oxigenação. No entanto, observamos com frequência a perpetuação de nomes nos cargos legislativos – vereadores, deputados estaduais, federais e senadores – transformando o que deveria ser uma representação dinâmica em uma espécie de carreira vitalícia. Essa estagnação, longe de fortalecer as instituições, enfraquece a própria essência da representatividade, tolhendo a emergência de novas ideias, novas lideranças, perspectivas e, fundamentalmente, a proximidade com as demandas em constante mutação da sociedade.
Diante desse cenário, a tese de limitar os mandatos a um máximo de dois períodos, consecutivos ou não, para todos os cargos eletivos do legislativo, de vereador a senador, surge não apenas como uma proposta, mas como um imperativo para a vitalidade democrática. A ideia por trás dessa limitação é clara e poderosa: evitar a profissionalização excessiva da política, combater a cristalização de interesses e incentivar uma troca constante de representantes que reflitam de forma mais autêntica a diversidade e os anseios do povo.
Permitir que políticos se aferrem a cadeiras por décadas cria uma casta política que, muitas vezes, se distancia da realidade de seus eleitores. A longa permanência pode gerar vícios, abrir portas para o fisiologismo e, não raro, levar à perda da paixão e do propósito que deveriam nortear a vida pública. Quando um mandato se torna uma garantia de subsistência, e não um período de serviço intenso e concentrado, o foco do representante pode se desviar da comunidade para a exclusiva vontade de se manter apegado ao poder, custe o que custar.
A limitação a dois mandatos forçaria os políticos a entregarem resultados concretos e a manterem uma conexão genuína com suas bases eleitorais. Eles saberiam que seu tempo é finito e que a real medida de seu sucesso seria o impacto de suas ações, e não a habilidade de se reeleger indefinidamente. Essa medida incentivaria a formação de novas lideranças, abriria espaço para a participação de diferentes setores da sociedade e garantiria que o parlamento fosse um reflexo mais fiel das aspirações e desafios de cada época. Lamentavelmente, não se vê hoje na classe política e no Congresso Nacional, qualquer mobilização nesse sentido.